quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O Homem, sua voz e seu destino

Dissertar sobre voz poderá findar em um texto de múltiplos enredos, tamanha a complexidade e grandiosidade do tema.
Discutimos muito sobre voz adaptada, voz profissional, voz patológica, ausência de voz... São assuntos que se reinventam, se transformam a cada novo debate, artigo, pesquisa ou livro. Ao tratarmos aqui sobre a voz do homem como gênero, ampliamos o estudo da voz também para o saber das Ciências Sociais. Saber este que não deve estar desagregado do saber fonoaudiológico devido a importância social da comunicação no mundo contemporâneo.
As demandas mercadológicas exigem cada vez mais uma comunicação saudável, livre de ruídos, sem interferências. Os profissionais buscam maximizar suas qualidades laborais, e é fato que a comunicação é parte integrante disto. Em uma sociedade latina, paternalista, a voz grave assume o papel do pai, da segurança, da fortaleza, da autoridade. Assim, não raro, nos deparamos com pacientes do gênero masculino que nos solicita redução de pitch e aumento da loudness para que possam se sentir mais seguros ou mais confiáveis e confortáveis. Isso sem entrar na discussão de crises de identidade que possam estar afetando estes homens.
Desde muito cedo é exigido do menino condutas comunicativas masculinas: “menino não chora, menino briga e tem que ganhar a briga!”. O período da muda vocal talvez seja o de maior instabilidade (fisiológica sabemos que sim) em relação a voz nos garotos. E essa instabilidade, advinda de questões sociais ou psíquicas, poderá custar um distúrbio da muda, uma quadro de puberfonia. Ao ingressar na idade adulta, percebemos que muitos homens escolhem sua profissão pela sua capacidade comunicativa. Muitos desistem de ser professores, advogados ou cantores por apresentarem uma qualidade de voz inadaptada, fraca, aguda, instável, abafada. É deste ponto que se abre uma reflexão sobre as relações sociais, profissionais e fisiológicas, ao inserirmos uma visão mais ampla do universo masculino às ações clínico-fonoaudiológicas. Ganha a Fonoaudiologia, ganham os homens.
Neste novo espaço para discussão, deixo este primeiro ponto de reflexão.

Charleston Palmeira.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá Charleston!
Gostei muito do seu blog.
Gostei desse post, realmente a voz pode influenciar no destino de uma pessoa. Vou continuar lendo um pouco mais por aqui.
Abraços

Dinorah disse...

Prof!!!
Parabens pelo seu blog!!!
Mais uma oportunidade pra nos de aprendermos com o senhor!!!
Beijao