quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Uma breve reflexão sobre respiração e voz

A literatura fonoaudiológica possui uma respeitável relação de textos sobre a importância da respiração para a produção da voz. Não é nosso propósito realizar uma análise destas obras, mas sim se utilizar da fisiologia respiratória para compreender melhor nossos planos de atendimento junto ao paciente acometido de disfonia hipercinética. As diferenças entre a respiração vital e a respiração motriz nos trás dados importantes para nossa clínica. Vamos nos deter em apenas uma delas: a respiração vital não encontra, em sua fisiologia normal, nenhum obstáculo durante seu movimento expiratório, enquanto que a respiração motriz tem sua expiração obstacularizada pelas pregas vocais em adução e pelos articuladores. Retiramos desta assertiva o que acreditamos ser a base para a reabilitação vocal de natureza hipercinética: a redução da hiper-obstacularização da passagem do ar, e conseqüente melhora da qualidade vocal. Entendemos que a fonação não seja um ato de natureza relaxante, pois dele se gasta energia e se emprega forças musculares. Tais forças quando se excedem, por motivos vários, findam por reter a livre excursão do ar sonorizado. E quais os locais desta retenção? As válvulas: glote e articuladores. Daí, entendemos que a reabilitação vocal nestes quadros sempre deverá estar perpassando sobre esta premissa, mesmo naquelas filosofias fonoterapêuticas que não empreendem a respiração como importante aspecto a ser reorganizado no paciente acometido de disfonia hipercinética. Assim, corroboramos com a tese de que a busca de um equilíbrio entre o ar expiratório, as forças glóticas e os movimentos articulatórios durante o ato da fonação formam uma tríade-mestra para o caminho do sucesso na terapia vocal. E não precisamos ir muito longe para sabermos disso. Convém apenas escutar o que nosso corpo nos solicita o tempo todo: libere-me das minhas válvulas emperradas!
Charleston Palmeira

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