segunda-feira, 10 de março de 2008

Proposta de triagem vocal para corais

O trabalho fonoaudiológico junto aos cantores requer conhecimentos específicos da área do canto e da música. Não se trata de fazer do fonoaudiólogo um expert em canto, porém, ao agregar este saber o fonoaudiólogo transita no mundo do canto e da música com maior conforto.
Este artigo pretende expor um protótipo de triagem vocal para cantores coralistas, tendo a premissa de que se trata de um trabalho realizado com a voz cantada, independente do gênero e estilo musical, em grupo que apresenta diversas sonoridades, ou seja, vozes graves e agudas, masculinas e femininas.
O trabalho se inicia com a distribuição da ficha de triagem entre os coralistas. Que deverão preenchê-la de acordo com os comandos e informações do fonoaudiólogo.
A queixa deverá ser descrita pelo coralista de forma clara e coloquial, sem a preocupação em utilizar termos técnicos, fonoaudiológicos ou musicais. Importante também o registro de problemas vocais anteriores, incluindo quadros de afonia. Atentar para o tempo de permanência do problema, como foi solucionado e se houve recidiva.
Segue com a investigação dos distúrbios mais freqüentes relacionados à voz. Eis os sugeridos para constar na ficha de triagem: rouquidão, perda da extensão vocal, aperto na garganta, cansaço vocal, bolo na garganta, pigarro, tosse, ardor e dor na garganta, ressecamento, dificuldade para engolir, sensação de corpo estranho, problemas na audição, obstrução nasal, coriza, alergias, emoções, outro ou nenhum.
Para se cantar em um coral o participante deve ter sua voz classificada (ou pré-classificada) por um professor de canto experiente que indique o naipe no qual irá participar. A classificação vocal está assim determinada: soprano, referente à voz feminina aguda; mezzosoprano, voz feminina mediana; contralto, voz feminina grave; tenor, voz masculina aguda; barítono, voz masculina mediana e baixo, voz masculina grave. Deve-se ficar atento, pois algumas escolas de canto acrescentam subclassificações como, por exemplo, soprano coloratura, lírico e dramático. O coralista, assim como o professor de canto, poderá ainda ter dúvidas sobre a classificação de sua voz devido imaturidade vocal ou pela voz ainda estar em processo de classificação.
A realização de técnica vocal deve ser informada, assim como descrições sobre a modalidade de canto que executa: se erudito ou popular, com respectivo estilo, e sobre o uso do canto em carreira solo.
Para que sejam administradas orientações sobre o uso adequado da voz, a descrição do ambiente de trabalho é de fundamental importância para a identificação de agentes agressores á voz. Outro aspecto que sempre acompanha as triagens na área da voz é a informação sobre os fatores desencadeantes e agravantes de disfonia, sendo os mais referidos: o abuso da voz, mau uso da voz, alimentação inadequada, distúrbios do sono, consumo de bebidas alcoólicas e fumo, poluição sonora e ambiental, automedicação, sedentarismo e equipamentos de amplificação ineficientes.
As questões sobre as impressões dos outros e do coralista sobre sua voz colaboram para a avaliação da psicodinâmica vocal construída pelo coralista.
Realizar uma avaliação perceptual da voz em um coral inteiro requer tempo, porém alguns aspectos poderão ser analisados para orientações e encaminhamentos iniciais. Tensões cervicais e posturas inadequadas devem ser investigadas durante os ensaios e apresentações, assim como o tipo respiratório e a coordenação pneumofônica. Dois testes de fácil execução são sugeridos: o teste de contagem e a aferição dos tempos máximos de fonação. Aspetos sobre a mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios devem ser registrados. Por fim, analisa-se o tipo de voz com a possibilidade do uso da escala GIRBAS.
Na seqüência, o fonoaudiólogo poderá sugerir um acompanhamento fonoaudiológico para o coral em questão. Por falar em questão, está é mesmo uma outra questão. Discorramos depois!
Charleston Palmeira

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Charleston!!! Gostei muuuito do seu blog, abordando temas interessantes e de uma maneira muito boa de ler... Saiba q o endereço do blog já esta nos meus favoritos, rsrs. Adorei!!! Parabens!

Anônimo disse...

Charleston, achei a linguagem muito bem colocada, de facil entendimento a entidade academica.
Os assuntos proporcionam atualização aos fonoaudiologos.
Muito bom!